Conta-se que nos tempos imemoriais, Prometeu roubou dos deuses o fogo para concedê-lo à humanidade
a fim de permiti-la progredir, separando-a, assim, dos demais animais, que, sem a aptidão
para lidar com um elemento tão perigoso e mortal quanto as chamas, não tinham
capacidades de trabalhar em metal, cozinhar ou fazer vidros, e, portanto, de evoluir.
Prometeu também é
conhecido como o portador da luz, aquele que carrega as chamas a fim de
iluminar o caminho e afastar as sombras daqueles que tem uma trilha a
percorrer (ou afastar as trevas da ignorância). De tão sagrado que era considerado o
fogo, mitos a respeito dele sempre fizeram-se representar na história da
humanidade. Dezenas de deuses estão ligados direta ou indiretamente com as
chamas ou com o Sol. A exemplo dessa importância, temos que a punição para as sacerdotisas gregas incumbidas
com a tarefa de manter acesos os fogos internos dos templos, caso fracassassem
em sua missão, era a de morte; e somente as chamas sagradas de outro templo, em
outra cidade, poderiam ser capazes de reacender as brasas cujo fogo se extinguiu.
Nos RPGs, a tocha e a
função de carregador de tochas são relegadas à segundo plano. Contudo,
como demonstrado acima, vemos o quão simbolicamente importante é a função daquele que providencia a
um grupo de heróis subsídios o suficiente para perseguirem suas metas e
não serem enganados pelas brumas que encobrem seus caminhos.
E, ao contrário do que se possa pensar, ser o responsável pela iluminação não empobrece a imagem do personagem. Vemos que, em Senhor dos Anéis, o homem mais sábio, o anjo que guia a comitiva, a auxiliando a alcançar sua meta, é o que afasta o pesar, a ignorância e o medo dos demais aventureiros do grupo com a luz de seu cajado: estou falando de Gandalf, o cinzento.
A Tocha
Tochas normalmente
podem ser feitas de improviso, usando-se pano e resina. Para acendê-la,
qualquer material capaz de produzir faíscas se torna suficiente para a função,
uma vez que a resina é altamente inflamável. Comumente, em caso de substituição,
usam-se materiais com as mesmas propriedades.
No nosso hobby, grupos
desprovidos de magias de luz contínua podem usar como alternativa o cal e o
enxofre, materiais que podem ser conseguidos sem muitas dificuldades entre
alquimistas ou magos. Esses dois materiais, juntos à resina, formam um composto
altamente durável capaz de permitir que a tocha continue a ficar acesa mesmo se
introduzida em água. Sendo certo que, analogicamente, o mesmo deve ser válido
para qualquer ou quase todos os meios aquosos, a composição parece ser ótima
contra criaturas amorfas ou parecidas com Cubos Gelatinosos.
Acredita-se que os componentes do fogo alquímico, ou fogo grego ("Prometeu"?), envolvam os descritos acima misturados com diversos outros, capazes de criar uma chama avassaladora.
Tochas também podem ser armas tenazes, principalmente na lida com criaturas selvagens, portadoras de inteligências animais ou inferiores. Quando usada no intuito de ferir, a tocha pode conseguir um efeito moral no oponente muito maior do que espadas ou machados conseguiriam, pois, sendo um dos elementos primordiais da natureza, todos, ou quase todos os seres vivos aprenderam a temer o fogo.
Outras utilidades excelentes para a tocha em combate são: a famosa combinação frasco de óleo e fogo, que é capaz de ferir uma grande quantidade de oponentes ao mesmo tempo, e a simulação de baforadas de dragão a partir de cusparadas de bebida forte ou amido de milho. Tente experimentar na próxima partida.
Conclusão
Diante do exposto, resta comprovada a utilidade da tocha, que, a despeito de ser considerada como um item de segundo plano por muitos aventureiros desinformados, mostra-se o verdadeiro equipamento primordial e indispensável da fantasia e dos RPGs, sendo tal acertiva corroborada pela mitologia e pela própria utilidade prática deste maravilhoso item tão cheio de mistério, encanto e, por que não?, magia.
E mais:
Caso queira saber mais sobre a utilização de tochas, recomendo este artigo do Dungeon Compendium, um dos melhores blogs com temática OSR do Brasil.
Opa, valeu pelo elogio ao Dungeon Compendium!
ResponderExcluirMais do que merecido!
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